sexta-feira, 22 de agosto de 2008


Universitária pesquisa violência contra a mulher em reportagens

Na monografia, estudante faz análise de dois importantes veículos de comunicação de São Paulo

No Brasil, 23% das mulheres se sujeitam a violência doméstica. Em torno de 40% das agressões resultam em lesões corporais. O ano de 2003 registrou o assassinato de 63 mil mulheres por seus parceiros ou ex-companheiros. Aproximadamente 2,1 milhões são espancadas por ano, o que corresponde uma a cada 15 segundos. Deste dado, 70% são agressões de parceiros. Os números que não são oficiais, pois fazem parte de uma análise geral de queixas, foram pesquisados pela estudante do 4º ano de jornalismo da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Edilma Rodrigues, na sua monografia. A estudante apresentou dia 21 de agosto, última quinta-feira, as atividades que desenvolveu até o momento sobre o tema.

Para chegar a esses dados, a aluna que tem como tema de pesquisa "A violência Contra a Mulher", visitou delegacias de proteção à mulher, instituições de abrigo e conversou com especialistas. Além da atividade principal, que é a análise dos jornais Folha de São Paulo e Diário de São Paulo. "Durante três meses comparei como os dois veículos abordam o assunto nas notícias ou notas. A Folha se mostra mais intelectual e o Diário, popular", conta a universitária, que optou estudar as publicações depois de analisar o ranking do IVC (Instituto Verificador de Circulação).

Entre os meses de novembro e janeiro, Edilma registrou em sua pesquisa 77 notícias na Folha e 79 no Diário. A aluna analisou como os dois jornais publicaram as matérias relacionadas ao tema, como é o conteúdo, abordagem, título e linha fina. "Enquanto o Diário usa o lado chamativo, a Folha mantém uma chamada mais sóbria e reserva espaços nobres. Porém, ambos os veículos não discutem a problemática", observa.

Durante a monografia, que será entregue em outubro, a aluna apontou questões jornalísticas que não são levadas em consideração para vincular matérias sobre o tema. "Não há critérios para divulgar a notícia, nem para apurar e trazer os fatos. O que interessa é o que prende atenção do leitor. Entendi mais sobre o lado comercial do jornal e a linha de produção que é", explica Edilma.

Além de apresentar como está a monografia para os colegas de jornalismo, a estudante comentou seu ponto de vista sobre o assunto. "Nas entrevistas que fiz é notório que falta apoio para a vítima. Mulher nenhuma gosta de apanhar, mas muitas ficam presas por questões emocionais ou mesmo por acreditar que a situação não se repetirá", comenta Edilma que, afirma ser necessário diminuir as diferenças entre os sexos. "Ainda existe muito machismo na sociedade e discriminação. A mulher não pode se achar mais baixa e o homem dominante por isso", finaliza Edilma.

Talita Scotto

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom, usou dados e falas. Atenção para a grafia correta do nome do jornal: Folha de S.Paulo.